segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Canção Seca - 20


Olhai o amor como uma rosa
Que em vossa chaga assim falesce
Por não ter sido regada, ou seca pelo tempo
E assim decompõe-se em terra
Para que surja um fio de esperança
... Brota-se então um grão de vida
De onde a morte foi-se em vão
Para que num belo dia de primavera
Uma rosa ainda mais bela possa nascer
Esbanjando o brilho que a outra não pôde ter
Quem sabe se bem regada
A nova rosa floresça
E assim por ventura cresça
Espantando a seca dessa canção

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Espera nça - 19

Esperança, eis a esperança. Última que morre em vossa chaga, e assim se expande no horizonte. Para que outros mil como vós, possam provê-la. Peço-lhe, Deus, bondade ao coração de todos. Para que a esperança vingue, mesmo após o falecer do brilho que parte dos olhos, cuja face serena suplica por um suspiro de vida.

Livro - 18

O amor é um livro ingrato
Que a gente abre e não sabe ler
E com o tempo se acomoda
Com as palavras que se embaralham


O amor é um livro ingrato
Na estante dessa vida
Que mais ingrata que o livro
Dá-se assim por sofrida

terça-feira, 5 de abril de 2011

Encontrei aquele mundo - 17

essa manhã eu acordei num mundo diferente.
me encontrei num mundo onde não havia mais mágoas, tristezas ou orgulhos.
percebi que estava num momento tão meu, sublime, encantador.
onde a dor virou beleza, e palavras de amor.
percebi a paz naquela velha mania de enxergar a sombra numa manhã de outono.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Samba da bossa - 16

Como voce acha que aconteceu?
Que a gente queria colonização?
Que a gente queria viver d’água e pão?
Que a gente queria escravização?
Que a gente queria miscigenação?
Que a gente seria uma interrogação?
Que a gente queria, pois é
O verdadeiro malandro só faz o que quer

Quem foi que disse que o morro também não é bossa?
Nova menina nascida no berço da vanguarda nossa
Se o samba encantou a sinhá moça
A gente quer sambar o samba da bossa

segunda-feira, 14 de março de 2011

Ongam - 15

Deixa o tempo, tempo
Que mude o rumo do vento
Que brinque com vidas entristecidas
Nessa boa proa da vida
Que balança como o oceano frio
Congelando corações vazios

Separando o trovão da chuva
A raposa da uva
Nós dois dos lençóis
E até casos bons entre nós
Ou pode juntar, unir e suprir
Como uma lágrima que se esvai em rio
E assim com teu riso eu rio

terça-feira, 1 de março de 2011

Correnteza - 14

Entre dezembro e março
São águas bailando
Entre calma e desespero
E após um verão sereno
Um coração revolto suplica:
Aconchego!

Imaginais a vida como um oceano
Uma vez enchendo, outra vazando
Águas que vêm e vão
Assim como bons ventos de alegria

A Verdadeira Máscara do Lugar Social - 13

As posições e lugares sociais e, as representações imagéticas que a sociedade imprime, se relacionam no ponto de inserção do negro nas comunidades. A favela tem sua representação de depósito humano esquecido, cujas pessoas são determinadas a viver sem identidade. Vale ressaltar que a sociedade propõe a alforria como fator condicionante de inclusão social. Mas, todos sabemos que liberdades manipuladas não são livres de fato. Nos encontramos num país onde a emancipação o tornou legalista, embora desumano.
Foi desumano, na obscura fase da ditadura militar brasileira, o governo sucatear a educação pública em busca da comercialização do ensino. O negro foi negado na sua condição de bicho durante séculos. Teve as suas oportunidades vetadas e jogadas aos crocodilos. O trabalho livre oferecido ao crioulo após a emancipação foi, em sua maioria, humilhante. E após alguns anos de liberdade utópica, o negam até uma educação qualificada, digna.
É desumano exigir do negro, ou do pobre, necessariamente, uma condição favorável na selva social contemporânea.
É desumano cobrar boa oratória e compreensão de um garotinho do morro, que faz um fuzil de caderno. E além de toda essa falta de escrúpulos da responsabilidade nacional histórica,  o mestiço brasileiro tem que ouvir calado que o Brasil é um "país de todos" (os ricos).
O mérito vai para a rebeldia contra a estabilidade burguesa que desestabiliza a plebe, para a vontade de combater o preconceito velado emergente na sociedade hipócrita. Afinal, é essa sociedade que contribui na construção das desigualdades. Eu contribuo! E você?

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Insensata Filosofia Contemporânea - 12

Corpos ofegantes um dia bailaram
Sem medingar carinho
Mas hoje você não se importa
Em me deixar somente, sozinho
Noite clara noite, escura
Tua presença obscura
És um nada, és a lua
Noite bela, qual beleza não é tua

Vou cair fora desse estoicismo
Pois se queres praticar cinismo
Fazes questão de epicurismo
Aí está o tal antagonismo


Algumas discípulas de Safo
Da bela ilha de lesbos
Tríbades talvez obrigadas
A servir ao poderoso Eros
Belas mulheres gregas
Libertam sua força em poemas eternos