segunda-feira, 14 de março de 2011

Ongam - 15

Deixa o tempo, tempo
Que mude o rumo do vento
Que brinque com vidas entristecidas
Nessa boa proa da vida
Que balança como o oceano frio
Congelando corações vazios

Separando o trovão da chuva
A raposa da uva
Nós dois dos lençóis
E até casos bons entre nós
Ou pode juntar, unir e suprir
Como uma lágrima que se esvai em rio
E assim com teu riso eu rio

terça-feira, 1 de março de 2011

Correnteza - 14

Entre dezembro e março
São águas bailando
Entre calma e desespero
E após um verão sereno
Um coração revolto suplica:
Aconchego!

Imaginais a vida como um oceano
Uma vez enchendo, outra vazando
Águas que vêm e vão
Assim como bons ventos de alegria

A Verdadeira Máscara do Lugar Social - 13

As posições e lugares sociais e, as representações imagéticas que a sociedade imprime, se relacionam no ponto de inserção do negro nas comunidades. A favela tem sua representação de depósito humano esquecido, cujas pessoas são determinadas a viver sem identidade. Vale ressaltar que a sociedade propõe a alforria como fator condicionante de inclusão social. Mas, todos sabemos que liberdades manipuladas não são livres de fato. Nos encontramos num país onde a emancipação o tornou legalista, embora desumano.
Foi desumano, na obscura fase da ditadura militar brasileira, o governo sucatear a educação pública em busca da comercialização do ensino. O negro foi negado na sua condição de bicho durante séculos. Teve as suas oportunidades vetadas e jogadas aos crocodilos. O trabalho livre oferecido ao crioulo após a emancipação foi, em sua maioria, humilhante. E após alguns anos de liberdade utópica, o negam até uma educação qualificada, digna.
É desumano exigir do negro, ou do pobre, necessariamente, uma condição favorável na selva social contemporânea.
É desumano cobrar boa oratória e compreensão de um garotinho do morro, que faz um fuzil de caderno. E além de toda essa falta de escrúpulos da responsabilidade nacional histórica,  o mestiço brasileiro tem que ouvir calado que o Brasil é um "país de todos" (os ricos).
O mérito vai para a rebeldia contra a estabilidade burguesa que desestabiliza a plebe, para a vontade de combater o preconceito velado emergente na sociedade hipócrita. Afinal, é essa sociedade que contribui na construção das desigualdades. Eu contribuo! E você?